terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

SOMOS DA BANDA

A Banda, mas onde fica a Banda?


Conheci um budjurra aqui na Holanda, teve em Angola e conheceu as 18 províncias, mas voltou decepcionado porque não chegou a conhecer a “Banda”.

Vocês falam tanto da banda, mas em que parte de Angola fica ela então?
Interrogou ele.

Talvez, nem nós, os puros mangoles sabemos explicar a definição ou localização da banda, porque, para nós a banda não se define nem se vê, ela
sente-se quando o Boing 747 da Taag abre a sua porta e aquela quentura empoeirada toca-nos a pele.

A banda sente-se ali naquele tapete rolante do Aeroporto 4 de Fevereiro, quando vamos pegar as malas e encontramos a mistura de passageiros e bagagens entre Lisboa/Luanda e Kinshasa/Luanda, sente-se naquela comprida avenida que sai do aeroporto ate ao Largo da Maianga, onde nos cruzamos com um Hiace azul e branco e um Hammer H2 amarelo ao mesmo tempo, sente-se nos
ambulantes que te batem no vidro com a dica “cota temos todas as novidades, é só escolher” ou “tio olha o cheirinho pro boter, esse é mesmo do puro”, no engarrafamento provocado pela nova onda da construção das pontes ou túneis, como alguns dizem.

Quando chegamos em casa, sentimos a banda assim que ligamos a TV, e nos deparamos com a emissão da Globo ao invés da TPA que estávamos a espera, daquele cheiro do bagre fumado ou do funge quentinho que vem la da cozinha, do som que vem da rádio com as novidades musicais que estão a bater em determinada altura, da 1ª conversa com os combas em que nos contam as
novidades tintim por tintim; os novos calões que estão a bater, a nova forma de dançar kuduro ou tarraxinha, a praia e disco que tão na moda e muitas outras dicas, insignificantes para alguns mas importantes para todos nós que queremos ver ou nos sentirmos na Banda.

Muitos, podem entender banda como uma dica que os angolanos inventaram para dizerem que foram ou vão para Angola, mas se assim pensam é porque não apanharam a dica. Pra Angola, qualquer madiê pode bazar, um tuga, brazuca, santolas ou chinoca que agora vão pra lá aos montes; mas pra Banda, hum hum, só mesmo nós sabemos o caminho para aquele “paraíso” empoeirado.

Eu, até já pensei em abrir uma agência de turismo, única e exclusivamente para levar turistas e não só, a conhecerem a banda. Mas como
? A par das questões de cumbu, há uma mais complicada que me estraga a ideia de negócio.
Onde fica a Banda.

Por vezes, penso que sou “bandense”, porque angolanos de BI. e passaporte, existem muitos, basta querer sê-lo acompanhado de algumas quantias e já esta; agora bandense, não é para quem quer nem para quem pode, é só para quem é.

Ali, onde se sente a dificuldade em que alguns vivem, mas que todos se riem independentemente do nível de vida que têm. Ali sim esta a Banda.

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